terça-feira, abril 13, 2021

Sobre escrever e deixar de escrever

Há  alguns  anos não escrevo.
Fui deixando,  como quem abre mão de um  amor e mergulha nas pequenas paixões.
Escrever já foi uma necessidade suprema, assim como  ler. Mas abandonei meus amores, mergulhei num  abismo de cigarros,  noitadas e bebidas. Não conseguia mais. 
Então,  esse período  passou. mergulhei numa  onda de autoconhecimento. depois nas  redes sociais... e puff.
Acabou.
Nesse meio tempo, amadureci, montei meu negócio, casei e com as frustrações da vida,  fui me alienando,  sendo assim,  fui  perdendo algo de mim.
Mexendo em  coisas guardadas há muito tempo,  encontrei vários escritos, de alguém que não conheço mais. Coisas da adolescência, juventude... 
Senti uma saudade imensa do  som das palavras, mas, mesmo assim,  não tornei a escrever.  
Então,  hoje resolvi,  vou escrever meus textos antigos... que vieram  antes dos trinta, e,  estou aqui.
O ano é 2021. 
O mundo vive uma pandemia. muitos mortos. O covid ceifou muitas vidas, e mudou nossas relações. houve quem  apostasse que nos tornaríamos mais humanos,  mais amorosos, mais justos, mais iguais.
Mentira.
Estamos cada vez mais distantes. Não nos reunimos com amigos com medo de adoecermos. Crise na saúde, economia, aumento do desemprego e da fome. Famílias dizimadas. A frase mais ouvida: "fique em casa",  depois desse desgaste socioeconômico, adicionaram  as palavras "se puder".
Fique em casa se puder.
Eu não posso.
Sou cabeleireira. Meu serviço não é essencial. Passamos 4 meses,  com as portas fechadas em 2020, e já estamos,  há mais de um  mês fechados novamente. Estou atendendo quem quer meus serviços. tenho medo da doença,  respeito a vida, mas não sei viver sem trabalho. no ano  passado,  tivemos um  auxilio emergencial,  tardio,  mas veio,  seiscentos reais,  quatro parcelas,  e quatro parcelas de trezentos. não foi muito, mas  ajudou.
nesse ano,  também tardio, a ajuda é de cento  e cinquenta reais,  até trezentos e cinquenta,  se não me  engano. Vou receber, novamente,  mas  dessa vez,  os cento e cinquenta. 
e querem  que fiquemos em casa. dizem  que esse dinheiro é para comer. Que  nesse momento,  o importante é preservar vidas.
poderia discorrer sobre esse ponto,  mas prefiro me calar. É vergonhoso.
Escolas, academias,  bares,  restaurantes,  lojas, salões de festas,  salões de cabeleireiros, entre tantos outros serviços,  FECHADOS.
Triste!
E o numero de mortos,  acima dos três mil. 
Pessoas conhecidas, próximas,  partiram.
uma em  especial,  foi embora num infarto fulminante. Surtei. Crise de ansiedade e pânico. Medo de morrer, junto com o desespero de ter minha irmã internada.
 Parei de treinar. Cansaço. Medo. 
Mas voltei,  assim como,  minha irmã voltou pra casa,  quando tantos outros não voltaram. Gratidão, e auto análise.
Escrever!!
Por isso,  estou aqui,  juntando os pedaços de emoções que estão fora de lugar. Pensei em fazer apenas cópias,  dos escritos antigos, mas  eles não refletem mais esse eu.
A vida transforma. E, me transformei.
Esse blog se chama "mais que trinta",  estou aqui,  já com mais de quarenta, muito perto de completar quarenta e um. e cheia de histórias  para  contar. 
Se alguém  vai ler,  não  sei! Mas vou escrever.
É possível, que em meio a esse turbilhão de emoções,  publique aqui,  meus textos antigos,  nessa busca pelo que fui,  pelo que sou, e pelo que serei.
A segunda frase mais dita no último é:
"- VAI PASSAR!"
Espero que passe logo, e, enquanto não passa,  enquanto não temos vacinação em massa,  que 
DEUS TENHA MISERICORDIA DE NÓS!

 

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