domingo, outubro 24, 2010

Tendinite....

Como todos sabem sou cabeleireira,  há três semanas tenho lutado contra as dores,  e me poupado "a medida do possível,  para o trabalho, por isso não tenho escrito. Para não deixar mais dias passarem em branco, publicarei um dos meus textos já escritos.

 O homem que me disse muitos nãos...





Alto. Deus de Ébano. Sonho de consumo de muitas mulheres, não poderia ser diferente, também era o meu! Foi o que pensei assim que o vi sentado no salão, fazendo uma pequena entrevista de admissão, quando fomos apresentados. 

Vaidoso, perfumado, bem vestido, cabelo raspado... Futuro colega de trabalho. Lindo!

Impressionante como rolou uma empatia logo de cara. Conversamos bastante, nos tornamos bem próximos. Simpático, bem humorado, gostoso - e bota gostoso nisso!-, dengoso, carinhoso e amigo...
Impossível não amá-lo!
Um homem, com jeito de menino, sempre repetindo que precisava ser amado!... Leonino, gênio forte, um pouco machista... Ou muito! Chegou machucado. Leão com pata machucada parece ser bem bravo, mas que nada, um afago na juba, um carinho na pata e logo se via... É grande!... Mas é um gato!
“Cara valente” (música de Maria Rita composta por Marcelo Camelo) eu costumava cantar para ele. Passávamos horas juntos, dia após dia... Gostávamos dos mesmos cantores, das mesmas musicas, não tinha melhor companhia, nem mesmo quando estava naqueles dias. Eu podia contar com um chazinho, um comprimido pra dor, que normalmente ele ia comprar a pedido, e uma paciência que parecia inacabável, exceto quando a TPM vinha brava, e minha educação fugia a galope... Ele preferia manter-se afastado. Inteligente! Suportava meu deboche e meu sarcasmo... Pois é... Devia ter pedido sua mão em casamento, mas minha proposta sempre foi para o corpo. Acontece que amigos não transam... 
Já me perguntei algumas vezes, será que algum dia ele teve medo de mim?... Não, não de mim, não creio! Talvez de nos aproximarmos, nos comprometermos... É isso de nos apaixonarmos!!! Não sei! Sei que eu tive meus medos...
É provável que ele não saiba que, ele nunca saiba, não houve um tempo em que eu me senti mais bonita, mais sexy, do que o tempo em que passei com ele. Um tempo, que eu queria estar sempre mais bonita... Responsabilidade dele. Com seus elogios e maneirismos. Com seus abraços, com um samba-rock ensaiado na salinha, apertados. Com as massagens que trocávamos. Tínhamos um pelo outro muito, mas muito cuidado!
Negro! Lindo! Que mulher não o desejaria?
Ficava lindo, quando o deixava tímido com minhas cantadas escancaradas... Sempre sorria, meio de ladinho, e dizia não nega, não! Nunca em minha vida de caçadora nata, recebi tantos não, e nunca foi tão gostoso! Não posso tirar os méritos dele, também me deixou sem graça, e se deliciou tanto com seu feito, que conseguiu me deixar nua, sem jeito, desmontada, como uma menina... Ah como foi bom sentir-me menina! Que gostosa sua risada!
Então ele disse que iria partir... E partiu! 
...Não sem antes darmos ao menos uns beijos! Da primeira vez, não deu certo. Toque de telefone, emergência. Teve que ir. Foi doce! Já na segunda por ciúme (é o que eu penso), pura necessidade de demarcar seu território, típico leonino, beijou-me... Sempre doce...! 
E partiu!
Fiquei só!... mas tinha o telefone! Trocou de telefone, de mundo, sei lá! Perdemos contato. Minhas mensagens na sua pagina de relacionamentos não tiveram resposta, meus emails também não. AI QUE SOLIDÃO! Além de me dizer não milhares de vezes, agora eu era categoricamente ignorada... Achei que ele me odiava. Enviei um email dizendo que ele me odiava! Mas, por quê?
Sem resposta. E nisso passou quase um ano, ou um pouco mais... Até que um dia... Daqueles bem normais, feriado, a única coisa de estranho foi que trabalhei demais. Carnaval! Quem trabalha demais no carnaval? Cantor de escola de samba vendedor de cerveja e eu! Não, nem todo sábado de carnaval é assim, mas aquele foi! Fechei o salão passavam das onze da noite, três cervejas com um amigo em meia hora. Telefone, acidente, amigo foi embora. Fiquei com a cerveja, e de repente...

Carro parado, não conheci o carro, aliás, não conheço, mesmo agora. Disseram-me que era um conhecido, me virei p olhar, e lá estava ele, sorriso lindo! O meu nêgo! Que alegria!... Que ansiedade!... Felicidade!

Sabe quando estamos vivendo um daqueles momentos que depois chamamos de perfeito?!... Aquele era um desses momentos, e na mesma hora eu soube disto!
Estacionou o carro, caminhou na minha direção. Acho que eu gritei?... Não me lembro da altura da minha voz... Mas dele, ah!... Dele eu me lembro! Latinha de cerveja na mão, sorriso largo no rosto, braços abertos, abraços... Que gostoso! Lindo! Como eu poderia não desejá-lo? 
Falamos da vida... Dos acontecimentos... Feriram meu nêgo... Como ousaram?!... Rimos como rimos! Noite estrelada e temperatura amena... Carona até em casa... Não podia ser mais perfeito!... Podia!?... 
Não sei como, mas num dado momento, enquanto guiava seu carro, nossos olhos se cruzaram, nossos lábios quase se tocaram... Transito!... Dirigiu até minha casa... Pausa: ida ao banheiro... Benditas cervejas... Como pude parar naquele mento pra ir ao banheiro... Já disse: cervejas! 
Voltei. Estava falando ao telefone, alguém o esperava, ele me disse isso no inicio do encontro, eu é que não me lembrava!... Eu o pedi em casamento!... Não!... Isso eu já esperava!
Voltando aquele momento no carro... Conversamos mais um pouco sobre nossas vidas... Eu estava alta... Ele precisava ir... Disse que o amava... Ele disse que me amava... Pedi que não sumisse da minha vida... Disse que logo voltaria... Despedimos-nos! Abraços apertados, beijos no rosto prolongado. No rosto, deixo claro!

quinta-feira, outubro 14, 2010

Feliz Aniversário.

Nascida de 8 meses no Sul da Bahia,  numa vila de Itabuna, no ano de 1944, era a filha mais velha dum típico casal da região "o coronel e sua esposa". Como diz a lenda,  criança de 8 meses não cria, foi cuidada e protegida ao máximo, e cresceu! Ajudou a cuidar dos irmãos mais novos. Estudou até a quinta série numa escola particular, não estudou mais, porque de acordo com o pai,  mulher tinha que casar, Então aos 13 conheceu aquele homem lindo, mais velho, inteligente,  evangélico,  tinham a mesma religião. E com o consentimento e gosto, principalmente de sua mãe, namorou, aquele homem lindo e disputado. Com dezesseis,  casou.  Aos dezoito teve sua primeira filha, dois anos depois nasceu a segunda, pouco tempo depois veio o treceiro filho,  o homem.  Com vinte e pouquinho, enterrava ele com 8 meses de vida. O marido não era o melhor,  e ao lado dele conheceu sua primeira grande dor. Na gravidez seguinte gerou outra menina,  e mais uma. Foi nessa gravidez que perdeu sua mãe num acidente de carro,  na virada de ano,  o motorista dormiu,  caiu com um carro num barranco. Neste acidente perdeu a mãe e irmão. E dois outros ficaram feridos.  Seu marido ja havia vindo pra São Paulo, então pouco tempo depois,  ela também veio, com 4 filhas morar na casa da sogra. Dias difíceis,  de necessidade e humilhação. Mas venceu. Engravidou novamente, dessa vez,  como dizem os nordestinos nasceu "um menino home",  este ganhou nome de rei. E dividiu os filhos  entra as 4 mais velhas, e na seqüência as 4 mais novas. Nesse interim,  teve um menino que nasceu morto, aos 8 meses de gestação,  e um aborto de três meses. Saiu da casa da sogra,  alugou um barraco, depois com a herança da mãe,  deu entrada no terreno,  construiu a casa,  terminou de criar os filhos, junto com os 3 netos mais velhos. Sempre recebeu em sua casa, mesmo nos tempos mais difíceis gente que precisava tato quanto, ou mais do que ela recebia seu apoio,  pelo menos um teto pra morar e algo para comer por um tempo, até se arranjar. Foi assim com  conhecidos,  sobrinhos, irmãos... Não recebeu a gratidão de todos,  até foi apunhalada por alguns.. Mas o mundo é assim fazer o que? Fez muita lanofix,  costurou muito, viu seus filhos um a um sair pra estudar, trabalhar. Nem sempre foi feliz,  talvez ainda não o seja de fato,  porque muitos dos seus sonhos foram jogados por terra,  e o mundo real,  pra ela não foi muito fácil. Cada um vive como pode. Foi o que ela fez. Os filhos mais velhos ajudaram a ampliar a casa,que um dia fora terrea,  com sala,  cozinha, banheiro,  dois quartos, onde habitaram, na maior parte do tempo 14 pessoas, depois passou a ter três quartos,  sala,  cozinha e oficina. Hoje essa mesma casa,  é um sobrado, onde outrora teve três cômodos subterrâneos, uma sala e cozinha gigantesca no térreo,  mais 4 quartos na parte superior.   Filhos foram embora,  casaram,  separaram,  nem todos,  as 4 mais novas ainda estão por lá. Outra,  e a derradeira das mais velhas também voltou,  separou-se trouxe sua filha...É a vida,  casa de mãe também é pra essas coisas. E mãe é pra sempre, não é mesmo?! Mas ainda não disse tudo,  há treze anos atrás ela ficou viúva,  quando uma de suas filha  recuperava-se de um câncer  aquela,  derradeira das 4 mais velhas. Mas depois da morte do marido, da recuperação da filha ainda teve mais netos. Hoje sua família é composta de nove filhos : 8 mulheres e um homem, 12 netos: sendo 7 deles homens, 3 bisnetas,  e alguns agregados. Que uma vez por ano se reúnem em torno dela para comemorar o dia do sue aniversário. Dia treze de outubro. Na sua certidão ela foi registrada com um  mês de antecedência,  mas todos sabem,  parentes amigos,  a data real de seu nascimento. 13 de outubro, este é o dia, e esta é minha mãe!!! Feliz Aniversário!

sábado, outubro 09, 2010

Descanso

Parar tudo por um momento, com o simples intuito de sentir-se, de proporcionar a si mesmo um momento de deleite. Ler um livro. Apreciar sua bebida predileta. Seus amigos. A família. Mesmo que não seja a melhor, é a sua família. O lugar pra chamar de seu. Então é  a melhor família! Basta estar lá. 
Se há algo que gosto nesses momentos é parar e lembrar quais são minhas referências,  e se elas ainda estão lá, do mesmo jeito,  e me lembrar quem sou, do que faço parte. 
Descansar meus olhos, corpo e espírito,segura nos braços do lar!

terça-feira, outubro 05, 2010

Feliz Brasil velho

No último domingo, dia 03/10, os brasileiros foram as urnas para votar para presidente, governador,  deputado federal, deputado estadual, e senador, e quando digo foram,  não me enquadro na frase, porque realmente,  eu não fui votar por diversas razões. Simples assim,  não fui!!! E é bem provável, que eu não vá,  durante alguns anos, e direi porque:

Porque um povo que vota obrigado,  não pensa pra votar. Haja visto,  a maior votação que tivemos pra deputado federal,  foi aqui no estado de São Paulo, onde mais de 1,3 milhões de pessoas votaram num palhaço, o Tiririca,  notícia tal, que rodou o mundo todo. Mas ele não é só um sujeito sem qualificação pra assumir tal posto, ele não tem capacidade nem de ler e escrever. Tudo bem ele se candidatar,  mas eu realmente gostaria de saber o que leva tanta gente a votar num sujeito como ele. Gente que sabe ler,  escrever,  tem um mínimo de informação e educação básica... Não estão nem aí com a política,  e não venham usar como desculpa de que é um do povo para lutar pelo povo, porque criar projetos,  elaborar leis,  exige um mínimo de conhecimento, e ele assumidamente não tem! O povo tem o governo que merece.
Está aí. Não reclamem depois de serem feitos de palhaços. Colocaram mais um pra ser corrupto lá em cima, mas esse é diferente, é um corrupto do povo.
 Devo crer que as pessoas que votaram nele são aquelas que gostam mesmo do jeitinho brasileiro. É o cara que vive dirigindo alcoolizado, porque ele é um excelente motorista, mas se é pego ,  tem sempre uma notinha no meio da habilitação, pro oficial não apreender o veículo,  nem ele. O cara que vota nele é este mesmo oficial, que não cumpre com seus deveres, porque ele ganha pouco só está defendendo algum. As pessoas que votaram nele, creio eu, são pessoas que não se importam nem com elas mesmas, é o cara e a mina que saem com alguém da balada,  e transam sem camisinha. Porque se amar inclui respeitar o próprio corpo, e assumir a responsabilidade de escolher o certo, pelas razões certas.  Inclui respeitar e se importar com o outro também,  afinal, o que não quero pra mim , não quero pro outro também.
Então foram todos as urnas, dizerem em letras garrafais:

"EU QUERO QUE MEU PAÍS, MEU ESTADO, MINHA CIDADE, MEUS AMIGOS,  MINHA FAMÍLIA,  TODOS... QUERO QUE SE FODAM!!!"

O que me conforta é que ele também vai se "FODER", quando sentado frente a televisão no sofá da sua sala, ver mais uma máfia ser descoberta. Quando for a um hospital público e não receber o atendimento adequado, se é que vai receber atendimento, e ver suas misérias e a de tantos outros ali expostas, nos corredores,  nas filas de espera,  na falta de investimentos, e sentia as entranhas lhe corroer!! Ele vai sentir!
Eu também, é certo. Mas ainda assim, eu poderei rir, na cara daqueles que me olharam e disseram, pior do que está não fica! 

E ainda direi,  quem ri por último,  hahahahaha,  ri muito melhor!

E ainda existe outro fator relevante, o desrespeito dos senhores candidatos com as vias públicas, e as leis. Não jogar papel nas vias,  não fazer boca de urna. Não houve um  posto de votação,  que não fosse visto milhares e milhares de santinhos jogados pelas calçadas, tomando as ruas... Se ainda candidatos esses 
indivíduos não respeitam as leis,  pensem, em quando eleitos,  com fórum privilegiado!!!?  É uma vergonha!

Então eu não fui,  e não vou votar, enquanto o desrespeito for tão evidente, eu ainda carrego em mim, um pouco de brio e vergonha na cara!

E a vocês leitores, perdoem-me as palavras vulgares, mas a minha indignação me deixa possessa. 

A propósito, a pouca vergonha já foi escancarada,  o querido candidato, agora eleito Tiririca,  é suspeito de fraudar as avaliações que comprovariam que ele não é analfabeto. As assinaturas das provas não batem. Ele é inocente?! No filme Carandiru, o personagem do Milton Gonçalves diz numa frase: Aqui ninguém é culpado. Então a ele (Tiririca) o beneficio da dúvida...KKKKK.

Vou indo, pra não começar a chorar!!