sábado, fevereiro 25, 2012

E assim nascem os anjos!

A realidade em  que vivia era triste,  mas só deu-se por isso quando os treze batera à sua porta. Não era de muita valia, nunca seria boa para nada,  como seria,  se nunca prestara?! Descendente de uma "raça ruim",  a sua progenitora insistia em  lembrar.  Se esta que era sua mãe vivia lhe dirigindo tais palavras,  como acreditaria num mundo melhor?  Vantagem, não era a única,   dividia essas carícias e elogios,  com todos os outros nascidos da mesma barriga,  exceto o que morreu ainda menino,  este virou santo. Comparativo injusto quando se morre inocente... "Porque seu irmão,  se estivesse vivo..." E a história continuava.
Sem  sentimento! Mas se os tivesse,  quem  se importava?
As irmãs,  que se dividiam entre aquelas que diziam "a mãe é assim mesmo,  sempre foi assim..." e as que  diziam que não seria assim pra sempre,  seria diferente: "A gente cresce e não tem que suportar mais isso!!!"
A menina cresceu,  tentou a marginalidade, mas nunca teve talento,  só raiva por dentro! Não usou drogas,  nem  cometeu assaltos,  nunca fez um  aviãozinho ou pegou um  pino de um  traficante,  mas não,  não era boa!!! Não era boa mesmo,  e nunca seria!!!
Depressão! E uma nova luta,  pela motivação de estar viva. Entender que não se é amada por quem  lhe pôs no mundo, é muito duro aos dezessete anos. Criou sua própria ilusão.
Suas irmãs as que se importavam com a quantidade de bebida que ela consumia,  com a quantidade de gírias que falava,  com quem namorava,  onde ia,  lhes davam  asas,  sonhos,  coisas que elas, mesmas, nunca receberam,  idas aos shoppings,  cinemas teatros,  música na vida, alegria!
Era amada sim, talvez não pelo amor original,  que deveria ter sido amor,  mas não foi,  mas por quem ,  por não ter recebido,  tinha criado um  reservatório imenso.
Hoje,  mais velha,  em  terapia,  tenta entender como alguém que pari tanto pode amar tão pouco. É possível que essa seja a explicação,  quem  ama cuida,  se cuida, e depois cuida dos outros,  e não falo do cuidado de vestir,  dar um  teto,  arroz e feijão,  falo de olhar nos olhos,  de tentar conhecer,  entender,  tocar,  se aproximar do outro e de si mesmo,  quem poderá saber?!
Não sei!!!
Ninguém sabe.
O que sabe, é que não se professa o Cristo idolatrando o diabo (e escrevo com letra pequena, porque quem passa a vida amaldiçoando os seus deve ser descrito deste jeito). O que sabe,  e não com  menos dor no coração,  é que as pessoas são o que são.
Quanto a ela,  cresceu! Escreve textos,  faz terapia, tenta entender o mundo,  mas não só ele,  tenta entender as pessoas... aquelas que tornam-se perfeitas, e que tem  justificativas para tudo,  e quando os erros se tornam  defeitos,  arrumam  desculpas (até mesmo para o aborto), e continuam a sorrir nos seus mundos perfeitos!!!
DEUS??? Deve ser uma utopia... ela até acredita, mas só tem  convivido com a realidade!!
No demais ela teve e tem  ao seu lado quem   sempre lá esteve,  pagando o preço e assumindo a culpa,  sem  ter ao menos,  merecido... As irmãs,  os anjos,  aqueles que não escolheram  ter nascido, mas que,  em  meio a tantas dificuldades e limitações escolheram e até hoje escolhem amar!!!
Talvez você leitor não saiba,  mas ela descobriu, porque os têm,  como nascem os anjos,  e este  é um segredo que ela não compartilha com  mais ninguém!... Da minha parte só sei que é assim  que nascem!!!
Se algum de vocês os encontrar, guarde o segredo,  porque nada mais pode ser guardado!!!

sexta-feira, fevereiro 17, 2012

A vida continua

Hoje uma moça morreu. Eu não sei o seu nome,  de onde vinha ou pra onde ia,  na verdade pra mim,  ela foi apenas  mais uma na estatística, mais uma morte de motociclista,  nesta cidade de trânsito, louco e violento. A única coisa que vi,  que denunciava a sua morte foi dois carros de polícia,  com alguns policiais controlando o tráfego para que a perícia fosse feita. Não sei dos seus amores,  quantos anos tinha,  se vivia com seus pais,  namorado,  marido,  amigos ou amigas... Não sei,  realmente.
O fato é,  hoje uma moça morreu,  de forma imbecil,  sem oração de extrema-unção,  sem  direito  de ser socorrida pelo seu algoz,  agonizou no meio da via pública até que uma alma misericordiosa ligasse pro resgate, e morreu!!!
Numa manhã que surgiu em  cinza,  o telefone tocou numa residência qualquer, e o dia ficou esquisito,  sem explicação,  em  choque, consternado,  bizarro,  cabisbaixo,  desesperado... Se deixou uma mãe,  pai,  ou irmãos não sei!
Também  não sei dos sonhos que levou com ela até o momento fatídico,  entre o acidente de moto, o atropelamento e o encontro com seu derradeiro destino. Mas sei que morreu! Não vi o corpo,  não chamei o resgate, não senti sua dor nem  seu desespero, não ouvi as sirenes serem  ligadas, nem  a vida voltar ao normal... Dela,  pra mim,  nada ficou,  apenas a notícia da sua morte e uma grande mancha de sangue no asfalto.

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

Será que voltei?!

Boa tarde ex caros leitores,  se é que ainda restou algum  por aqui! Há muito não escrevo, mergulhada numa fase de auto-descobrimento e realizações não tenho dedicado muito tempo a essa arte  - onde ainda engatinho,  se é que de fato aprendi escrever algo realmente! - . A minha última postagem  data 17 de outubro e falava de relacionamentos. Não, não que eu tenha abandonado minhas opiniões políticas,  não mesmo,  sou aquele tipo de pessoa que tem uma opinião sobre quase tudo,  taurina que sou,  tenho dificuldades em mudar,  mas procuro aprender e principalmente compreender melhor as coisas e as razões de ser delas. O ano de 2011 passou,  acabou,  começou 2012 e nada de escrever. Houveram  dias ociosos e vazios,  claro,  mas também houve tanta corrupção,  notícias ruins,  que não,  preferi não falar sobre nada,  nem  mesmo sobre mim. As reflexões de fim e início de ano deixei de lado, as constatações também mas tenho sentido quela coceira nos dedos,  aqueles estalos de idéias,  que povoam  minha mente como bolhas que explodem em  tantos rompantes e calmarias, que precisava,  preciso,  precisarei escrever,  até que as palavras expressem tudo aquilo que deixei calado nesses meses todos! Preciso derramar meu coração,  minhas críticas, minhas experiências, preciso descrever o meu olhar sobre o mundo.
Quando comecei escrever este blog penseis que seria mais fácil,  afinal todos os dias acontece algo inacreditável,  incrível,  bizarro absurdo,  ou simples acaso,  detalhe que impressiona,  encanta ou desencanta, mas não meus queridos, não é fácil, porque há dias em  que as coisas falam mais alto do que minha capacidade de reproduzi-las. Pode ser um  momento de espanto,  felicidade ou tristeza...Às vezes a inércia.
Não quero acordar,  não quero acordar... Acordei!!! E num momento de dor, mas também  de esperança, de certezas e entre elas tantas incertezas,  mas num  momento em  que o que me parece mais certo,  é o que deve ser,  a velha busca,  renovada,  revista,  passada a limpo...
Reescrita. Estou de volta e se você estiver por aí,  vez ou outra.  dê um  sinal de vida, quero saber quem  está aí! Da Zona leste de São Paulo estou te convidando,  vem  dividir o mundo,  o seu universo,  ao menos uns pedacinhos comigo. Câmbio. Desligo. Mas,  qualquer coisa é só chamar.