Quando Edmunda nasceu sentiu um frio e algo segurando-a, não entendia aquele universo ao seu redor, depois de passar tempos boiando num líquido quente, ouvindo tudo de um modo singular, sentia que seu mundo ficava cada vez menor, na verdade era ela quem crescia, então não cabia mais ali, par sair teve que passar por um lugar que era apertado pra porra, e estava parada ali, abismada, quieta. Sentiu uma leve pancada no seu bumbum e o primeiro choro... Queria bater no desgraçado, e constatou que não poderia fazer isso, era muito pequena, mas jurou a si mesma, isso não fica barato!
Logo foi agasalhada e pensou, até que este mundo não é ruim... Típico da alma feminina, mudanças súbitas de comportamento!
- Vocês não sabem, mas mulheres nascem enlouquecidas e cheias de neuras, também de ternura e gestos engraçados, ter saído do raio da costela de um homem, pode deixar qualquer criatura enlouquecida desde o ventre, pior, elas, nós, somos geradas por outras mulheres! Não há como fugir disto .-
Não tinha estrela brilhando no dia em que nasceu, era tarde de segunda-feira, e em São Paulo, o mundo não para, principalmente na segunda feira, Edmunda não sabia disso, mas o tempo passa, e isso ela não demoraria a entender.
A vantagem de chegar assim, num novo universo, é que se desconhece tudo, prazer amor, dor, felicidade, tristeza, só sensações, a nossa primeira relação com o universo externo, claro, no caso de Edmunda, junto com toda a loucura feminina... E falando em sensações, sentia fome, em mudanças extremas, mulheres sempre, sentem fome, pelo menos a maioria delas, pela primeira vez na vida Edmunda comeu. Não era a melhor coisa do mundo, mas o que tinha para aquele dia, o primeiro, de muitos que desejo para sua tenra vida!
E foi assim... Hoje lhes apresento Edmunda, minha pequena... que viverá experiências incríveis, ás vezes absurdas, enlouquecidas, deprimentes, felizes, ou patéticas e todas as sensações que teve e terá como uma menina que nasce e é criada neste mundo doido em que vivemos!
Seja bem vinda minha pequena!!!
Sejam bem vindos leitores!
No meu processo de amadurecimento, é assim que vejo, enfrento, encaro e percebo o mundo!
domingo, setembro 23, 2012
Sempre o recomeço!
O domingo está indo pro saco, logo vem a bela e doce segunda-feira, acabou o futebol, o Faustão logo se despede, e aí vem o Fantástico... Esse é um daqueles momentos, que já estando cansado, o corpo esparramado no sofá, só resta acompanhar as últimas notícias e o relógio girar... Mais uma semana faces, por isso esse ciclo de dias existem, para que possamos recuperar as forças, recomeçarmos de novo, retomarmos os planos deixados pára trás ao longo dos dias, a dieta, a caminhada, o estudo, os projetos, o que quer que seja, podemos reiniciar... Há tempos não escrevo no meu blog, sempre prometo que amanhã o farei, e os dias passam.... Mas mais uma vez me programo, é isso que farei!!! ... Amanhã, não sei, tenho me projetado no hoje, no agora a única coisa que tenho, o único momento tenho me apaixonado e desapaixonado por vezes, tenho amado e odiado sempre, coisas diversas, ou as mesmas, não importa. Tenho aprendido, hoje é o melhor presente, é aqui que realizo o bom ou o ruim... É aqui que me construo, destruo e redescubro... E venho desejar á vocês um ótimo hoje, todos os dias!!!
segunda-feira, março 19, 2012
O mais assustador vive em nós
O medo é algo que nos acompanha desde o ventre materno, pois sentimos o mundo exterior de um modo único e barulhento, através dos sentidos do outro, do corpo que nos envolve e nos conduz.
O medo cresce com a gente. Dos monstros e fantasmas que povoam nossos quartos, nossos guarda roupas, em baixo de nossas camas, os nossos sonhos! O medo de perdermos nossos pais, nossa casa, não termos comida. Quando crianças sentimos medo ao vermos os mais velhos sentirem, temos medo de ficarmos sós, de irmos pra escola no primeiro dia de aula, de desvendarmos um novo mundo. Temos medo de estranhos, na minha infância tínhamos medo do homem do saco( que pegava as crianças e picotava), lendas de mães criadas para protegerem seus filhos.Não toque ali, não mexa acolá, não vá, não pegue, etc... Medo de errar, de apanhar, de ser pego numa mentira, de não ir bem na escola... São muitos os medos que povoam a cabeça de uma criança.
Mas continuamos a crescer, e enfrentamos novos medos, de não sermos os mais legais, inteligente, admirados do meio em que vivemos, de sermos rechaçados, humilhados, violentados, agredidos, difamados. E ainda apanhávamos por isso. Mas enfrentamos também o medo da solidão, do fracasso, do desamor do desafeto.
Nos deparamos com aqueles medos obscuros, que nos mantém em silêncio, desenvolvem nosso senso crítico, transformam aos poucos nosso mundo... Percebemos que nossa família não é bem aquilo que pensávamos que fosse e passamos a buscar uma nova identidade. Este é o princípio da nossa individuação!!!
E o medo continua lá, adotamos máscaras, estilos, grupos... Já pararam pra pensar o quanto nossa infância reflete nesse período?
Crianças que sempre foram tratadas com respeito, conseguem se enturmar mais rápido, são mais seguras, e felizes, e tem muito menos medo, do que aquelas que nunca foram verdadeiramente valorizadas, encaradas como problemas por aqueles que deveriam cuidar, amar e proteger.
Adultos temem a injustiça, a miséria, a doença, fome, violência... A morte.
Eu temo quando vejo pessoas dispostas a brigarem porque são apaixonadas pelo seu time, pela sua religião, pelos seus deuses, suas crenças, seu estilo de vida, e em nome disso passam por cima dos outros.
Eu temo quando vejo filhos matando pais, pais matando filhos. Temo as injustiças que são cometidas em nome do amor.
Certa vez falei aqui sobre abandono, descaso e conivência...
Quando menina acreditava que pai e mãe amam os filhos porque são deles, porque são pais. Mas não é verdade. Pais amam quando são capazes de amar, e muitos não são!!! Se não se tem amor, como cobrar amor???
Sempre ouvi que pais gostam de todos os filhos do mesmo jeito, como se fossem os dedos das mãos, nunca de quer perder algum, hoje entendo que isso pode ser verdade, porque podemos usar uns dedos pra foder os outros, ou para dar prazer a nós mesmos. Cada um sente como quiser, gosta como quiser, e que injustiças sejam cometidas com muitos em função de um, quem se importa?
Hoje como a maioria das pessoas adultas, não tenho mais medo de bicho papão, ou homem do saco, e compartilho com elas os medos da violência, da dor, da solidão, mas existe um medo, que é só meu, o de ter que admitir, frente ao espelho, que não sou amada pela minha mãe, e isso vive em mim, já foi um monstro gigante e horrendo, hoje ele só é feio como um espeto cravado no peito, que dói. Faço parte do grupo de pessoas que sabem o que é ser desrespeitado, por aqueles que deveriam amar e proteger, e por mais assustador que isso pareça, não não odeio minha mãe. Odeio o fato dela se compadecer com injustiças e compactuar livremente com mentiras, e ainda assim professar o nome de Deus... Se voc^, leitor, olhar para ela, não dirá, porque não convive, ou conviveu, que tão doce senhora, pode ser tão mentirosa e cruel. Mas sobrevivi a infância, graças as minhas irmãs e minha sobrinha, fui amada, cuidada querida e protegida, enfrentei e enfrento hoje o mundo com cabeça erguida, de forma honesta, não foi fácil para elas, mas me fizeram bem, me tornaram mais forte e melhor... Não temo mais a solidão nem o desamor, e luto para proteger os sobrinhos que vieram depois de mim... o resto é um buraco negro de emoções e sentimentos, um misto de revolta e dor... o meu monstro escondido.
O medo cresce com a gente. Dos monstros e fantasmas que povoam nossos quartos, nossos guarda roupas, em baixo de nossas camas, os nossos sonhos! O medo de perdermos nossos pais, nossa casa, não termos comida. Quando crianças sentimos medo ao vermos os mais velhos sentirem, temos medo de ficarmos sós, de irmos pra escola no primeiro dia de aula, de desvendarmos um novo mundo. Temos medo de estranhos, na minha infância tínhamos medo do homem do saco( que pegava as crianças e picotava), lendas de mães criadas para protegerem seus filhos.Não toque ali, não mexa acolá, não vá, não pegue, etc... Medo de errar, de apanhar, de ser pego numa mentira, de não ir bem na escola... São muitos os medos que povoam a cabeça de uma criança.
Mas continuamos a crescer, e enfrentamos novos medos, de não sermos os mais legais, inteligente, admirados do meio em que vivemos, de sermos rechaçados, humilhados, violentados, agredidos, difamados. E ainda apanhávamos por isso. Mas enfrentamos também o medo da solidão, do fracasso, do desamor do desafeto.
Nos deparamos com aqueles medos obscuros, que nos mantém em silêncio, desenvolvem nosso senso crítico, transformam aos poucos nosso mundo... Percebemos que nossa família não é bem aquilo que pensávamos que fosse e passamos a buscar uma nova identidade. Este é o princípio da nossa individuação!!!
E o medo continua lá, adotamos máscaras, estilos, grupos... Já pararam pra pensar o quanto nossa infância reflete nesse período?
Crianças que sempre foram tratadas com respeito, conseguem se enturmar mais rápido, são mais seguras, e felizes, e tem muito menos medo, do que aquelas que nunca foram verdadeiramente valorizadas, encaradas como problemas por aqueles que deveriam cuidar, amar e proteger.
Adultos temem a injustiça, a miséria, a doença, fome, violência... A morte.
Eu temo quando vejo pessoas dispostas a brigarem porque são apaixonadas pelo seu time, pela sua religião, pelos seus deuses, suas crenças, seu estilo de vida, e em nome disso passam por cima dos outros.
Eu temo quando vejo filhos matando pais, pais matando filhos. Temo as injustiças que são cometidas em nome do amor.
Certa vez falei aqui sobre abandono, descaso e conivência...
Quando menina acreditava que pai e mãe amam os filhos porque são deles, porque são pais. Mas não é verdade. Pais amam quando são capazes de amar, e muitos não são!!! Se não se tem amor, como cobrar amor???
Sempre ouvi que pais gostam de todos os filhos do mesmo jeito, como se fossem os dedos das mãos, nunca de quer perder algum, hoje entendo que isso pode ser verdade, porque podemos usar uns dedos pra foder os outros, ou para dar prazer a nós mesmos. Cada um sente como quiser, gosta como quiser, e que injustiças sejam cometidas com muitos em função de um, quem se importa?
Hoje como a maioria das pessoas adultas, não tenho mais medo de bicho papão, ou homem do saco, e compartilho com elas os medos da violência, da dor, da solidão, mas existe um medo, que é só meu, o de ter que admitir, frente ao espelho, que não sou amada pela minha mãe, e isso vive em mim, já foi um monstro gigante e horrendo, hoje ele só é feio como um espeto cravado no peito, que dói. Faço parte do grupo de pessoas que sabem o que é ser desrespeitado, por aqueles que deveriam amar e proteger, e por mais assustador que isso pareça, não não odeio minha mãe. Odeio o fato dela se compadecer com injustiças e compactuar livremente com mentiras, e ainda assim professar o nome de Deus... Se voc^, leitor, olhar para ela, não dirá, porque não convive, ou conviveu, que tão doce senhora, pode ser tão mentirosa e cruel. Mas sobrevivi a infância, graças as minhas irmãs e minha sobrinha, fui amada, cuidada querida e protegida, enfrentei e enfrento hoje o mundo com cabeça erguida, de forma honesta, não foi fácil para elas, mas me fizeram bem, me tornaram mais forte e melhor... Não temo mais a solidão nem o desamor, e luto para proteger os sobrinhos que vieram depois de mim... o resto é um buraco negro de emoções e sentimentos, um misto de revolta e dor... o meu monstro escondido.
segunda-feira, março 12, 2012
Meio século
Você sabe precisar o que aconteceu nos últimos 50 anos?
No sul da Bahia, em 1962, nascia minha irmã mais velha. No mundo os Beatles estouravam, Élvis ja era um sucesso, Rolling Stones também estourava, o movimento feminista e a favor de negros e homossexuais ganham força , nascem os hippies protestando contra a Guerra fria e a Guerra do Vietnã. Fidel Castro chega ao poder e antigas colônias começam o processo de independência. O homem pisa na lua, a IBM lança o chip, e surge a primeira molécula da internet. No Brasil explode a jovem guarda com Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléia e outros. Chico Buarque, Caetano, Gilberto Gil lideram movimentos estudantis a favor da democracia. Morrem J.F.K. , Marthin Luther King Jr, e Che Guevara. A tv a cores é lançada no mundo, e a Rede Globo é criada aqui no Brasil.
E no sul da Bahia minha irmã crescia, já ganhara outros irmãos, e vivenciara a morte de um deles. Saía, ainda menina, da Bahia para São Paulo junto com sua mãe e irmãos.
Morou com os avós paternos. Foi a escola enquanto o mundo entrava em revoluções em prol da independência, e pela tv acompanhava o escândalo do presidente Nixon com o Watergate, a crise econômica nos EUA por causa do petróleo, o aumento de armamento dos países, a violência política crescente, o fim da Guerra do Vietnã, o lançamento da Disco, a morte do Elvis. O Brasil é Tricampeão da Copa mundial. No rádio tocava Tim Maia, Elis Regina, Elton Jonh, Vinicius, Maria Bethânia entre outros.
Ia a igreja, arrumou namorado, engravidou, saiu da igreja, enfrentou o preconceito, casou, foi mãe aos 15 anos, saiu da escola, teve mais uma filha.
E a década de 80 começou sem muita felicidade ou perspectiva, mãe pela terceira vez, abandonada pelo marido, foi trabalhar como doméstica. Com três filhos e oito irmãos menores, não tinha muita escolha ou opção.
Guerras e guerrilhas dominavam o mundo, diversos conflitos civis, golpes militares, ameaças nucleares etc. Criação dos walkmans, computadores pessoais, IBM PC, Aplle Macintosh, Windows, videocassetes, descoberta da AIDS. Morrem Jonh Lenon, Tancredo Neves, Lauro Corona, etc. Madonna e Michel Jackson estouram mundialmente.
Namorado novo, outra gravidez, princípio de eclâmpsia, o bebê não resite e morre. Volta pra casa. Emprego e arrumadeira no Sheraton Mofarrej Hotel, conclusão do colégio, curso de auxiliar de enfermagem, início de uma nova vida.
Aprovado o estatuto da criança e do Adolesdcente, o Movimento das Diretas define a abertura da democracia, campanha de eleição pra presidente, em São Paulo a primeira prefeita mulher eleita pelo povo assume a prefeitura. A queda do Muro de Berlim. No Brasil Campanha para presidente.
Em 90 sai de casa com os filhos e não volta mais, compra o seu apartamento, trabalha, namora, trabalha, namora... Sempre foi casamenteira.
Collor é eleito, e dois anos depois renuncia, movimento dos caras pintadas, mais guerras, terrorismo. O Brasil é tetra campeão na copa. Popularização dos computadores e da internet, Windows 95, comércio eletrônico , utilização do DNA para solucionar crimes e comprovar paternidades. Michel e Madonna veem ao Brasil. Ascensão e morte dos Mamonas Assassinas. Morrem Renato Russo, Freddie Mercury e a princesa Diana.
Sai do apartamento e casa com um vizinho. Volta a morar perto da mãe. Torna-se avó pela primeira vez. Vislumbra a entrada de um novo século. O bug do milênio não acontece. A tecnologia aumenta nas redes sem fio, nos celulares, nas máquinas e computadores pessoais, de mão...
Torna-se avó pela segunda vez, casa os dois filhos mais velhos. Trabalha em dois empregos. Opera duas vezes da coluna, e nunca mais volta a ser a mesma!
Lava muita roupa, já que não pode consertar o mundo!
O Brasil se torna Pentacampeão. Avó mais uma vez, Seu filho mais novo sai de casa pra morar com a mulher.
Leva sua filha e genro para morar com ela novamente.
E assim seguem-se os dias, como na história é na vida, alguns dias são de paz, outros são de guerras, mas eles seguem, quem sabe o que será escrito no próximo meio século.
Por hora, comemorou seus 50 anos numa festa onde chamou seus parentes, amigos e conhecidos, e tornou-se tema do meu blog. Então Cássia Silva do Carmo, á você:
Feliz Aniversário!
Da sua irmã caçula.
Continuaremos escrevendo, esta e outras histórias!
domingo, março 04, 2012
Mister Por Quê
Vivia questionando o porquê das coisas existirem como existiam. Não entendia o mundo, dada sua grande complexidade. Procurou as Ciências e só se deparou com mais perguntas. Nada do que descobria era suficientemente explicativo e claro. Então desenvolveu teorias, filosofias... Quanto mais perguntava, menos sabia de si mesmo e de suas necessidades reais.
Um dia entrou num barco, desses pequenos, e se permitiu ficar a deriva por algum tempo... Era clara a noite e turvos seus pensamentos. Tantas indagações estavam enlouquecendo-o.
Porque nascemos, vivemos e morremos já não eram as perguntas que o moviam. Nem mesmo entender o andar da natureza, mesmo da humanidade...
Tantos livros fizeram dele um homem culto. Viver em sociedade lhe deram modos... Mas um porquê insistia em incomodá-lo: Sentia-se só.
Sim, tivera alguns relacionamentos, pessoas bonitas ou não, inteligentes, sensíveis, bacanas, até mesmo bem chatas, mas nunca se sentira realmente ligado a elas. Nada o preenchia.
Passara tanto tempo tentando descobrir verdades em tudo, mas nunca encontrou a única verdade que nos motiva a viver, entender conhecer o outro, o mundo, e principalmente sobre nós mesmos: o "AMOR". As estrelas foram se apagando, o céu escurecendo, de repente, água e céu tornaram-se um só na escuridão. Um raio cortou o céu, anunciando a tempestade que se aproximara, e então ele entendeu, sim, ele já tinha se encontrado com aquela verdade, sentiu o tremor nas pernas e frio no estomago, mas estava buscando explicações para todos aqueles por quês. Agora ele entendia. Precisava voltar atrás... Como?... Buscando tantas respostas ignorara a única que ele realmente queria?
A única vez em que se deparou, frente a frente com ela, usava um jeans surrado, tênis velhos, gastos pelas caminhadas que fazia, tinha um jeito engraçado de falar, de quem estava sempre fazendo algo acontecer, e sorria de um jeito escancarado, de quem não tinha nada a temer, montando projetos, construindo o mundo, carregando a vida consigo, e aquele brilho... Maria era o nome dela, como podia ter esquecido?
O vento soprava anunciando a tempestade que viria...
Lembrou-se de que por um momento, naquele encontro, pensara: "com você meu mundo seria perfeito", mas existiam os maneirismos que ela não tinha, o despudor com o qual falava das coisas e sobre tudo, sua falta de dúvidas, como quem nunca tivesse o que perguntar, porque não tinha dúvidas, apenas certezas. Ele sentiu medo, o mesmo que o fazia tremer agora, ou era o vento?
Gostaria de voltar atrás!
Porque nunca tornou a vê-la??? Olhar aqueles olhos que brilhavam toda vez que falava dos seus objetivos... Como pôde ser tão egoísta e covarde???
A chuva caiu. O barco naufragou , e enquanto ele lutava a deriva por sua vida em meio a tempestade, tornou a ver aqueles olhos a sorrirem pra ele... E dias depois seu corpo foi encontrado!
sábado, fevereiro 25, 2012
E assim nascem os anjos!
A realidade em que vivia era triste, mas só deu-se por isso quando os treze batera à sua porta. Não era de muita valia, nunca seria boa para nada, como seria, se nunca prestara?! Descendente de uma "raça ruim", a sua progenitora insistia em lembrar. Se esta que era sua mãe vivia lhe dirigindo tais palavras, como acreditaria num mundo melhor? Vantagem, não era a única, dividia essas carícias e elogios, com todos os outros nascidos da mesma barriga, exceto o que morreu ainda menino, este virou santo. Comparativo injusto quando se morre inocente... "Porque seu irmão, se estivesse vivo..." E a história continuava.
Sem sentimento! Mas se os tivesse, quem se importava?
As irmãs, que se dividiam entre aquelas que diziam "a mãe é assim mesmo, sempre foi assim..." e as que diziam que não seria assim pra sempre, seria diferente: "A gente cresce e não tem que suportar mais isso!!!"
A menina cresceu, tentou a marginalidade, mas nunca teve talento, só raiva por dentro! Não usou drogas, nem cometeu assaltos, nunca fez um aviãozinho ou pegou um pino de um traficante, mas não, não era boa!!! Não era boa mesmo, e nunca seria!!!
Depressão! E uma nova luta, pela motivação de estar viva. Entender que não se é amada por quem lhe pôs no mundo, é muito duro aos dezessete anos. Criou sua própria ilusão.
Suas irmãs as que se importavam com a quantidade de bebida que ela consumia, com a quantidade de gírias que falava, com quem namorava, onde ia, lhes davam asas, sonhos, coisas que elas, mesmas, nunca receberam, idas aos shoppings, cinemas teatros, música na vida, alegria!
Era amada sim, talvez não pelo amor original, que deveria ter sido amor, mas não foi, mas por quem , por não ter recebido, tinha criado um reservatório imenso.
Hoje, mais velha, em terapia, tenta entender como alguém que pari tanto pode amar tão pouco. É possível que essa seja a explicação, quem ama cuida, se cuida, e depois cuida dos outros, e não falo do cuidado de vestir, dar um teto, arroz e feijão, falo de olhar nos olhos, de tentar conhecer, entender, tocar, se aproximar do outro e de si mesmo, quem poderá saber?!
Não sei!!!
Ninguém sabe.
O que sabe, é que não se professa o Cristo idolatrando o diabo (e escrevo com letra pequena, porque quem passa a vida amaldiçoando os seus deve ser descrito deste jeito). O que sabe, e não com menos dor no coração, é que as pessoas são o que são.
Quanto a ela, cresceu! Escreve textos, faz terapia, tenta entender o mundo, mas não só ele, tenta entender as pessoas... aquelas que tornam-se perfeitas, e que tem justificativas para tudo, e quando os erros se tornam defeitos, arrumam desculpas (até mesmo para o aborto), e continuam a sorrir nos seus mundos perfeitos!!!
DEUS??? Deve ser uma utopia... ela até acredita, mas só tem convivido com a realidade!!
No demais ela teve e tem ao seu lado quem sempre lá esteve, pagando o preço e assumindo a culpa, sem ter ao menos, merecido... As irmãs, os anjos, aqueles que não escolheram ter nascido, mas que, em meio a tantas dificuldades e limitações escolheram e até hoje escolhem amar!!!
Talvez você leitor não saiba, mas ela descobriu, porque os têm, como nascem os anjos, e este é um segredo que ela não compartilha com mais ninguém!... Da minha parte só sei que é assim que nascem!!!
Se algum de vocês os encontrar, guarde o segredo, porque nada mais pode ser guardado!!!
Sem sentimento! Mas se os tivesse, quem se importava?
As irmãs, que se dividiam entre aquelas que diziam "a mãe é assim mesmo, sempre foi assim..." e as que diziam que não seria assim pra sempre, seria diferente: "A gente cresce e não tem que suportar mais isso!!!"
A menina cresceu, tentou a marginalidade, mas nunca teve talento, só raiva por dentro! Não usou drogas, nem cometeu assaltos, nunca fez um aviãozinho ou pegou um pino de um traficante, mas não, não era boa!!! Não era boa mesmo, e nunca seria!!!
Depressão! E uma nova luta, pela motivação de estar viva. Entender que não se é amada por quem lhe pôs no mundo, é muito duro aos dezessete anos. Criou sua própria ilusão.
Suas irmãs as que se importavam com a quantidade de bebida que ela consumia, com a quantidade de gírias que falava, com quem namorava, onde ia, lhes davam asas, sonhos, coisas que elas, mesmas, nunca receberam, idas aos shoppings, cinemas teatros, música na vida, alegria!
Era amada sim, talvez não pelo amor original, que deveria ter sido amor, mas não foi, mas por quem , por não ter recebido, tinha criado um reservatório imenso.
Hoje, mais velha, em terapia, tenta entender como alguém que pari tanto pode amar tão pouco. É possível que essa seja a explicação, quem ama cuida, se cuida, e depois cuida dos outros, e não falo do cuidado de vestir, dar um teto, arroz e feijão, falo de olhar nos olhos, de tentar conhecer, entender, tocar, se aproximar do outro e de si mesmo, quem poderá saber?!
Não sei!!!
Ninguém sabe.
O que sabe, é que não se professa o Cristo idolatrando o diabo (e escrevo com letra pequena, porque quem passa a vida amaldiçoando os seus deve ser descrito deste jeito). O que sabe, e não com menos dor no coração, é que as pessoas são o que são.
Quanto a ela, cresceu! Escreve textos, faz terapia, tenta entender o mundo, mas não só ele, tenta entender as pessoas... aquelas que tornam-se perfeitas, e que tem justificativas para tudo, e quando os erros se tornam defeitos, arrumam desculpas (até mesmo para o aborto), e continuam a sorrir nos seus mundos perfeitos!!!
DEUS??? Deve ser uma utopia... ela até acredita, mas só tem convivido com a realidade!!
No demais ela teve e tem ao seu lado quem sempre lá esteve, pagando o preço e assumindo a culpa, sem ter ao menos, merecido... As irmãs, os anjos, aqueles que não escolheram ter nascido, mas que, em meio a tantas dificuldades e limitações escolheram e até hoje escolhem amar!!!
Talvez você leitor não saiba, mas ela descobriu, porque os têm, como nascem os anjos, e este é um segredo que ela não compartilha com mais ninguém!... Da minha parte só sei que é assim que nascem!!!
Se algum de vocês os encontrar, guarde o segredo, porque nada mais pode ser guardado!!!
sexta-feira, fevereiro 17, 2012
A vida continua
Hoje uma moça morreu. Eu não sei o seu nome, de onde vinha ou pra onde ia, na verdade pra mim, ela foi apenas mais uma na estatística, mais uma morte de motociclista, nesta cidade de trânsito, louco e violento. A única coisa que vi, que denunciava a sua morte foi dois carros de polícia, com alguns policiais controlando o tráfego para que a perícia fosse feita. Não sei dos seus amores, quantos anos tinha, se vivia com seus pais, namorado, marido, amigos ou amigas... Não sei, realmente.
O fato é, hoje uma moça morreu, de forma imbecil, sem oração de extrema-unção, sem direito de ser socorrida pelo seu algoz, agonizou no meio da via pública até que uma alma misericordiosa ligasse pro resgate, e morreu!!!
Numa manhã que surgiu em cinza, o telefone tocou numa residência qualquer, e o dia ficou esquisito, sem explicação, em choque, consternado, bizarro, cabisbaixo, desesperado... Se deixou uma mãe, pai, ou irmãos não sei!
Também não sei dos sonhos que levou com ela até o momento fatídico, entre o acidente de moto, o atropelamento e o encontro com seu derradeiro destino. Mas sei que morreu! Não vi o corpo, não chamei o resgate, não senti sua dor nem seu desespero, não ouvi as sirenes serem ligadas, nem a vida voltar ao normal... Dela, pra mim, nada ficou, apenas a notícia da sua morte e uma grande mancha de sangue no asfalto.
O fato é, hoje uma moça morreu, de forma imbecil, sem oração de extrema-unção, sem direito de ser socorrida pelo seu algoz, agonizou no meio da via pública até que uma alma misericordiosa ligasse pro resgate, e morreu!!!
Numa manhã que surgiu em cinza, o telefone tocou numa residência qualquer, e o dia ficou esquisito, sem explicação, em choque, consternado, bizarro, cabisbaixo, desesperado... Se deixou uma mãe, pai, ou irmãos não sei!
Também não sei dos sonhos que levou com ela até o momento fatídico, entre o acidente de moto, o atropelamento e o encontro com seu derradeiro destino. Mas sei que morreu! Não vi o corpo, não chamei o resgate, não senti sua dor nem seu desespero, não ouvi as sirenes serem ligadas, nem a vida voltar ao normal... Dela, pra mim, nada ficou, apenas a notícia da sua morte e uma grande mancha de sangue no asfalto.
sexta-feira, fevereiro 10, 2012
Será que voltei?!
Boa tarde ex caros leitores, se é que ainda restou algum por aqui! Há muito não escrevo, mergulhada numa fase de auto-descobrimento e realizações não tenho dedicado muito tempo a essa arte - onde ainda engatinho, se é que de fato aprendi escrever algo realmente! - . A minha última postagem data 17 de outubro e falava de relacionamentos. Não, não que eu tenha abandonado minhas opiniões políticas, não mesmo, sou aquele tipo de pessoa que tem uma opinião sobre quase tudo, taurina que sou, tenho dificuldades em mudar, mas procuro aprender e principalmente compreender melhor as coisas e as razões de ser delas. O ano de 2011 passou, acabou, começou 2012 e nada de escrever. Houveram dias ociosos e vazios, claro, mas também houve tanta corrupção, notícias ruins, que não, preferi não falar sobre nada, nem mesmo sobre mim. As reflexões de fim e início de ano deixei de lado, as constatações também mas tenho sentido quela coceira nos dedos, aqueles estalos de idéias, que povoam minha mente como bolhas que explodem em tantos rompantes e calmarias, que precisava, preciso, precisarei escrever, até que as palavras expressem tudo aquilo que deixei calado nesses meses todos! Preciso derramar meu coração, minhas críticas, minhas experiências, preciso descrever o meu olhar sobre o mundo.
Quando comecei escrever este blog penseis que seria mais fácil, afinal todos os dias acontece algo inacreditável, incrível, bizarro absurdo, ou simples acaso, detalhe que impressiona, encanta ou desencanta, mas não meus queridos, não é fácil, porque há dias em que as coisas falam mais alto do que minha capacidade de reproduzi-las. Pode ser um momento de espanto, felicidade ou tristeza...Às vezes a inércia.
Não quero acordar, não quero acordar... Acordei!!! E num momento de dor, mas também de esperança, de certezas e entre elas tantas incertezas, mas num momento em que o que me parece mais certo, é o que deve ser, a velha busca, renovada, revista, passada a limpo...
Reescrita. Estou de volta e se você estiver por aí, vez ou outra. dê um sinal de vida, quero saber quem está aí! Da Zona leste de São Paulo estou te convidando, vem dividir o mundo, o seu universo, ao menos uns pedacinhos comigo. Câmbio. Desligo. Mas, qualquer coisa é só chamar.
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