Vivia questionando o porquê das coisas existirem como existiam. Não entendia o mundo, dada sua grande complexidade. Procurou as Ciências e só se deparou com mais perguntas. Nada do que descobria era suficientemente explicativo e claro. Então desenvolveu teorias, filosofias... Quanto mais perguntava, menos sabia de si mesmo e de suas necessidades reais.
Um dia entrou num barco, desses pequenos, e se permitiu ficar a deriva por algum tempo... Era clara a noite e turvos seus pensamentos. Tantas indagações estavam enlouquecendo-o.
Porque nascemos, vivemos e morremos já não eram as perguntas que o moviam. Nem mesmo entender o andar da natureza, mesmo da humanidade...
Tantos livros fizeram dele um homem culto. Viver em sociedade lhe deram modos... Mas um porquê insistia em incomodá-lo: Sentia-se só.
Sim, tivera alguns relacionamentos, pessoas bonitas ou não, inteligentes, sensíveis, bacanas, até mesmo bem chatas, mas nunca se sentira realmente ligado a elas. Nada o preenchia.
Passara tanto tempo tentando descobrir verdades em tudo, mas nunca encontrou a única verdade que nos motiva a viver, entender conhecer o outro, o mundo, e principalmente sobre nós mesmos: o "AMOR". As estrelas foram se apagando, o céu escurecendo, de repente, água e céu tornaram-se um só na escuridão. Um raio cortou o céu, anunciando a tempestade que se aproximara, e então ele entendeu, sim, ele já tinha se encontrado com aquela verdade, sentiu o tremor nas pernas e frio no estomago, mas estava buscando explicações para todos aqueles por quês. Agora ele entendia. Precisava voltar atrás... Como?... Buscando tantas respostas ignorara a única que ele realmente queria?
A única vez em que se deparou, frente a frente com ela, usava um jeans surrado, tênis velhos, gastos pelas caminhadas que fazia, tinha um jeito engraçado de falar, de quem estava sempre fazendo algo acontecer, e sorria de um jeito escancarado, de quem não tinha nada a temer, montando projetos, construindo o mundo, carregando a vida consigo, e aquele brilho... Maria era o nome dela, como podia ter esquecido?
O vento soprava anunciando a tempestade que viria...
Lembrou-se de que por um momento, naquele encontro, pensara: "com você meu mundo seria perfeito", mas existiam os maneirismos que ela não tinha, o despudor com o qual falava das coisas e sobre tudo, sua falta de dúvidas, como quem nunca tivesse o que perguntar, porque não tinha dúvidas, apenas certezas. Ele sentiu medo, o mesmo que o fazia tremer agora, ou era o vento?
Gostaria de voltar atrás!
Porque nunca tornou a vê-la??? Olhar aqueles olhos que brilhavam toda vez que falava dos seus objetivos... Como pôde ser tão egoísta e covarde???
A chuva caiu. O barco naufragou , e enquanto ele lutava a deriva por sua vida em meio a tempestade, tornou a ver aqueles olhos a sorrirem pra ele... E dias depois seu corpo foi encontrado!
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