domingo, março 04, 2012

Mister Por Quê

Vivia questionando o porquê das coisas existirem como existiam. Não entendia o mundo,  dada sua grande complexidade. Procurou as Ciências e só se deparou com mais perguntas. Nada do que descobria era suficientemente explicativo e claro. Então desenvolveu teorias,  filosofias... Quanto mais perguntava, menos sabia de si mesmo e de suas necessidades reais.
Um  dia entrou num  barco,  desses pequenos,  e se permitiu ficar a deriva por algum  tempo... Era clara a noite  e turvos seus pensamentos. Tantas indagações estavam enlouquecendo-o. 
Porque nascemos,  vivemos e morremos já não eram  as perguntas que o moviam. Nem  mesmo entender o andar da natureza, mesmo da humanidade... 
Tantos livros fizeram  dele um  homem  culto. Viver em  sociedade lhe deram modos... Mas um porquê insistia em  incomodá-lo: Sentia-se só.
Sim,  tivera alguns relacionamentos,  pessoas bonitas ou não,  inteligentes,  sensíveis,  bacanas,  até mesmo bem  chatas,  mas nunca se sentira realmente ligado a elas. Nada o preenchia. 
Passara tanto tempo tentando descobrir verdades em  tudo, mas nunca encontrou a única verdade que nos motiva a viver,  entender conhecer o outro,  o mundo,  e principalmente sobre nós mesmos: o "AMOR". As estrelas foram se apagando,  o céu escurecendo, de repente,  água e céu tornaram-se um só na escuridão. Um  raio cortou o céu,  anunciando a tempestade que se aproximara,  e então ele entendeu,  sim,  ele já tinha se encontrado com aquela verdade,  sentiu o tremor nas pernas e frio no estomago, mas estava buscando explicações para todos aqueles por quês. Agora ele entendia. Precisava voltar atrás... Como?... Buscando tantas respostas ignorara a única que ele realmente queria?
A única vez em que se deparou,  frente a frente com ela,  usava um jeans surrado,  tênis velhos, gastos pelas caminhadas que fazia,  tinha um  jeito engraçado de falar,  de quem  estava sempre fazendo algo acontecer, e sorria de um  jeito escancarado,  de quem  não tinha  nada a temer, montando projetos,  construindo o mundo,  carregando a vida consigo,  e aquele brilho... Maria era o nome dela, como podia ter esquecido? 
O vento soprava anunciando a tempestade que viria...
Lembrou-se de que por um momento, naquele encontro,  pensara: "com você meu mundo seria perfeito",  mas existiam os maneirismos que ela não tinha,  o despudor com o qual falava das coisas e sobre tudo, sua falta de dúvidas,  como quem  nunca tivesse o que perguntar,  porque não tinha dúvidas, apenas certezas. Ele sentiu medo,  o mesmo que o fazia tremer agora, ou era o vento?
Gostaria de voltar atrás!
Porque nunca tornou a vê-la??? Olhar aqueles olhos que brilhavam  toda vez que falava dos seus objetivos... Como pôde ser tão egoísta e covarde???
A chuva caiu.  O barco naufragou ,  e enquanto ele lutava a deriva por sua vida em  meio a tempestade,  tornou a ver aqueles olhos a sorrirem  pra ele... E dias depois seu corpo foi encontrado! 

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