O homem que me disse muitos nãos...
Alto. Deus de Ébano. Sonho de consumo de muitas mulheres, não poderia ser diferente, também era o meu! Foi o que pensei assim que o vi sentado no salão, fazendo uma pequena entrevista de admissão, quando fomos apresentados.
Vaidoso, perfumado, bem vestido, cabelo raspado... Futuro colega de trabalho. Lindo!
Impressionante como rolou uma empatia logo de cara. Conversamos bastante, nos tornamos bem próximos. Simpático, bem humorado, gostoso - e bota gostoso nisso!-, dengoso, carinhoso e amigo...
Impossível não amá-lo!
Um homem, com jeito de menino, sempre repetindo que precisava ser amado!... Leonino, gênio forte, um pouco machista... Ou muito! Chegou machucado. Leão com pata machucada parece ser bem bravo, mas que nada, um afago na juba, um carinho na pata e logo se via... É grande!... Mas é um gato!
“Cara valente” (música de Maria Rita composta por Marcelo Camelo) eu costumava cantar para ele. Passávamos horas juntos, dia após dia... Gostávamos dos mesmos cantores, das mesmas musicas, não tinha melhor companhia, nem mesmo quando estava naqueles dias. Eu podia contar com um chazinho, um comprimido pra dor, que normalmente ele ia comprar a pedido, e uma paciência que parecia inacabável, exceto quando a TPM vinha brava, e minha educação fugia a galope... Ele preferia manter-se afastado. Inteligente! Suportava meu deboche e meu sarcasmo... Pois é... Devia ter pedido sua mão em casamento, mas minha proposta sempre foi para o corpo. Acontece que amigos não transam...
Já me perguntei algumas vezes, será que algum dia ele teve medo de mim?... Não, não de mim, não creio! Talvez de nos aproximarmos, nos comprometermos... É isso de nos apaixonarmos!!! Não sei! Sei que eu tive meus medos...
É provável que ele não saiba que, ele nunca saiba, não houve um tempo em que eu me senti mais bonita, mais sexy, do que o tempo em que passei com ele. Um tempo, que eu queria estar sempre mais bonita... Responsabilidade dele. Com seus elogios e maneirismos. Com seus abraços, com um samba-rock ensaiado na salinha, apertados. Com as massagens que trocávamos. Tínhamos um pelo outro muito, mas muito cuidado!
Negro! Lindo! Que mulher não o desejaria?
Ficava lindo, quando o deixava tímido com minhas cantadas escancaradas... Sempre sorria, meio de ladinho, e dizia não nega, não! Nunca em minha vida de caçadora nata, recebi tantos não, e nunca foi tão gostoso! Não posso tirar os méritos dele, também me deixou sem graça, e se deliciou tanto com seu feito, que conseguiu me deixar nua, sem jeito, desmontada, como uma menina... Ah como foi bom sentir-me menina! Que gostosa sua risada!
Então ele disse que iria partir... E partiu!
...Não sem antes darmos ao menos uns beijos! Da primeira vez, não deu certo. Toque de telefone, emergência. Teve que ir. Foi doce! Já na segunda por ciúme (é o que eu penso), pura necessidade de demarcar seu território, típico leonino, beijou-me... Sempre doce...!
E partiu!
Fiquei só!... mas tinha o telefone! Trocou de telefone, de mundo, sei lá! Perdemos contato. Minhas mensagens na sua pagina de relacionamentos não tiveram resposta, meus emails também não. AI QUE SOLIDÃO! Além de me dizer não milhares de vezes, agora eu era categoricamente ignorada... Achei que ele me odiava. Enviei um email dizendo que ele me odiava! Mas, por quê?
Sem resposta. E nisso passou quase um ano, ou um pouco mais... Até que um dia... Daqueles bem normais, feriado, a única coisa de estranho foi que trabalhei demais. Carnaval! Quem trabalha demais no carnaval? Cantor de escola de samba vendedor de cerveja e eu! Não, nem todo sábado de carnaval é assim, mas aquele foi! Fechei o salão passavam das onze da noite, três cervejas com um amigo em meia hora. Telefone, acidente, amigo foi embora. Fiquei com a cerveja, e de repente...
Carro parado, não conheci o carro, aliás, não conheço, mesmo agora. Disseram-me que era um conhecido, me virei p olhar, e lá estava ele, sorriso lindo! O meu nêgo! Que alegria!... Que ansiedade!... Felicidade!
Sabe quando estamos vivendo um daqueles momentos que depois chamamos de perfeito?!... Aquele era um desses momentos, e na mesma hora eu soube disto!
Estacionou o carro, caminhou na minha direção. Acho que eu gritei?... Não me lembro da altura da minha voz... Mas dele, ah!... Dele eu me lembro! Latinha de cerveja na mão, sorriso largo no rosto, braços abertos, abraços... Que gostoso! Lindo! Como eu poderia não desejá-lo?
Falamos da vida... Dos acontecimentos... Feriram meu nêgo... Como ousaram?!... Rimos como rimos! Noite estrelada e temperatura amena... Carona até em casa... Não podia ser mais perfeito!... Podia!?...
Não sei como, mas num dado momento, enquanto guiava seu carro, nossos olhos se cruzaram, nossos lábios quase se tocaram... Transito!... Dirigiu até minha casa... Pausa: ida ao banheiro... Benditas cervejas... Como pude parar naquele mento pra ir ao banheiro... Já disse: cervejas!
Voltei. Estava falando ao telefone, alguém o esperava, ele me disse isso no inicio do encontro, eu é que não me lembrava!... Eu o pedi em casamento!... Não!... Isso eu já esperava!
Voltando aquele momento no carro... Conversamos mais um pouco sobre nossas vidas... Eu estava alta... Ele precisava ir... Disse que o amava... Ele disse que me amava... Pedi que não sumisse da minha vida... Disse que logo voltaria... Despedimos-nos! Abraços apertados, beijos no rosto prolongado. No rosto, deixo claro!
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