Janeiro começou chuvoso! Todo mês de janeiro é assim. Mas desde janeiro de 2010 que assistimos cenas chocantes provocadas pelas chuvas que caem torrencialmente nas encostas do Rio de Janeiro. Este ano, mais uma vez, uma tragédia muito maior atingiu a região serrana do Rio. Centenas de mortos e a contagem ainda não terminou.
Ocupação indevida, crescimento desorganizado? Falta de uma política pública séria... De fato, isso agora não importa! São tantas as feridas abertas na natureza, nas pessoas, a luta pela sobrevivência, contra as doenças, contra a fome, contra a sede. Contra mais mortes!
No meio do caos e da desesperança surgem homens e mulheres fortes que não desistiram. Um pai que cavou a terra, até alcançar seu filho de 6 meses, e protegê-lo do peso da lama, das pedras e do concreto, e que não desistiu de bater contra a pedra para ser ouvido até chegar o socorro, salvando assim sua vida e a do seu filho. Ele perdeu a sogra e a mulher, mas não perdeu a fé, e mesmo nos momentos mais difíceis, ele disse que louvava ao Senhor, por estar ali com vida, protegendo seu filho.
Outro homem, depois de passar horas debaixo de 4 metros de lama, entulho e concreto foi salvo com apenas algumas escoriações. Ele também não desistiu!...
Mas a imagem mais forte que pudemos assistir foi a da senhora com seu cachorrinho na laje de uma casa, a enxurrada ia aumentando, o telhado da casa voa, os vizinhos do prédio do lado jogam uma corda pra senhora, que amarra em volta do corpo, segura o cachorrinho num braço, e assim que ela se lança na água para ser puxada a casa é arrastada, a água a cobre, o cachorro é carregado pela correnteza, e ela se agarra mais a corda, agora com suas duas mãos, enquanto os jovens no prédio continuam a puxá-la. Por diversas vezes em segundos, a iminência da morte era certa, mas ela foi salva.
Enquanto assistia estarrecida esta cena, fiquei pensando no cachorrinho sendo levado pelas águas, pensei no instinto de sobrevivência daquela mulher, na força que os jovens aplicaram para salvá-la, e em como salvar-se é difícil, porque agarrar a corda significa escolher a vida a qualquer custo, somente a vida e mais nada!
E pode haver algo mais do que a vida?!
Em meio a tanta tragédia, são essas cenas que nos estimulam a acreditar, a não desistir, nem desesperar, porque a vida continua em meio a tanto horror dando um espetaculo de que a vida em si, é sempre o mais belo milagre!
Aqui em São Paulo a água tem destruído muitas coisas, não como no Rio, nem tem ceifado tantas vidas, mas as pessoas comportam-se como se fosse o apocalipse na vida delas...
Estamos em posição confortável, podemos escolher o que levaremos daqui pra lá... Mas a vida é nossa unica bagagem...
Observando aquelas imagens entendi:
"Quando escolhemos a vida o resto é supérfluo!"
Não, não que não tenha importância, mas se a idéia é salvar-se a si mesmo, desprenda-se de tudo e agarre-se a corda.
Estou me prendendo a minha...
E você?
Lembre-se: no fim, a cena mais bonita é a vida!!!
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