Aqui em São Paulo o céu está cinzento, esteve assim o dia inteiro! As ruas vazias... Silêncio! Há dias não escrevo, e hoje, como nos outros dias, amanheci sem inspiração... Então pensei, postarei um texto pronto! um daqueles, que escrevi ao longo dos anos... E fui buscá-lo. - Copiei muitos deles num mesmo caderno, embora ainda guarde as folhas soltas numa caixa, alguns deles, ainda, na versão original!- Peguei o caderno e procurei o poema escolhido, não , não é dos melhores que já tenha escrito, mas é doce, e triste e cinza, como o tempo!... E enquanto folheava o caderno, passei por diversos textos, que falam de amor, saudade, solidão, dor, tristeza, e me dei conta de que nenhum falava abertamente de expectativas, embora muitos estejam cheios delas. Uma expectativa de ser amada, correspondida, da mesma forma ou com maior intensidade, de me encher, ser preenchida pelo outro. De que o outro, aquele que eu amo, me fizesse companhia, me trouxesse felicidade, Viesse cheio de saudades, e me dei conta, de que essas expectativas, ainda existem, talvez não do mesmo modo, mas que estão aqui, tão presentes, quanto o céu cinzento e a chuva que cai, quase palpáveis... Porque ontem (já era hoje), quando deitei pra dormir, pensei comigo: "-Ele deve estar com tanta saudade de mim, que me fará uma surpresa!
E dormi... E sonhei!... Acordei, coloquei uma bela roupa, um bom perfume, um salto alto, algumas coisas na bolsa e fui para o trabalho... Ah como esperei!!!... Esperei meu telefone tocar ou até mesmo o do salão, não importava!!! Não tocou!!! Não tocaram!!!
Então voltei para casa, ouvindo minha rádio predileta, ao som de Cássia Eller e Cazuza, observando o céu cinza e a chuva que caia, pensando em cenas de amor, nos casais enamorados que encontrei hoje, no trajeto percorrido, e tive inveja... É feio admitir mas tive, tive inveja de todas as mulheres abraçadas e beijadas docemente porque não eram eu!...
Bobagem pura bobagem! Bobagem toda essa espera, essa saudade, porque, elas não começaram ontem (hoje), elas têm me acompanhado durante uma vida, estão presentes em todas as minhas relações, então concluí, que sim, é claro que tenho saudades, que gostaria muito de estar com você, que tanto amo nesta tarde cinzenta, úmida e fria. Claro que sentir o seu calor seria ótimo... Lógico!
...Mas percebi folheando aquelas páginas, que estou cansada dessa expectativa em relação ao outro, não, ao outro não, em relação a você e todos os outros vocês citados nos meus textos, com os quais me relacionei! E me dei conta: expectativa de quê, por quê, pra quê? E finalmente entendi o que minha psicóloga diz - na verdade não sei se é o que ela diz, mas talvez o que quer dizer! - : "não são os outros, é você!" Sou eu que decido o que é mais importante todos os dias. E penso que ótimo estou viva! Essa é a maior grandeza de existir, a outra é saber como levar essa existência e hoje me dei conta, sou eu!!! Sim sou eu, as minhas expectativas devem se voltar para o que eu quero ou espero de mim e para mim!!!
Sou eu que devo me amar mais e sempre, que preciso as vezes ser egoísta para o meu próprio bem....! Isto é mudar, isso é amadurecer, é caminhar rumo ao auto conhecimento e equilíbrio, essa é minha busca, minha mudança, minha caminhada... Minha expectativa....!
Pois é, hoje decidi, esperar por mim, não mais por você!!!
E o dia acabou, a noite caiu, azul escura com nuvens que continuam carregadas neste domingo que outrora foi cinzento!
Quanto ao texto, vou postá-lo, porque apesar do desencanto nas palavras é bonitinho!
Como se concerta
Como se conserta um cristal quebrado?
Ou ajunta-se cinzas espalhadas ao vento?
Como se recolhe o leite derramado?
Ou torna a calar as palavras que já foram ditas?
Como se concerta o mundo?
Como apagar o passado?
Como reescrever o futuro?
Não sei.
Não sei como segurar os ventos,
Nem como alcançar estrelas.
E apercebo-me que quanto mais vivo,
sei menos ainda dos comos e por quês.
Não sei como nos encontramos.
Nem porque permanecemos juntos...
Somos muito diferentes!
E sinto que com o passar do tempo
o que está quebrado somos eu e você.
Será que você pode responder?
Como se conserta nós dois?
Ficam essas palavras... Que venham novos tempos!!!
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