sexta-feira, fevereiro 17, 2012

A vida continua

Hoje uma moça morreu. Eu não sei o seu nome,  de onde vinha ou pra onde ia,  na verdade pra mim,  ela foi apenas  mais uma na estatística, mais uma morte de motociclista,  nesta cidade de trânsito, louco e violento. A única coisa que vi,  que denunciava a sua morte foi dois carros de polícia,  com alguns policiais controlando o tráfego para que a perícia fosse feita. Não sei dos seus amores,  quantos anos tinha,  se vivia com seus pais,  namorado,  marido,  amigos ou amigas... Não sei,  realmente.
O fato é,  hoje uma moça morreu,  de forma imbecil,  sem oração de extrema-unção,  sem  direito  de ser socorrida pelo seu algoz,  agonizou no meio da via pública até que uma alma misericordiosa ligasse pro resgate, e morreu!!!
Numa manhã que surgiu em  cinza,  o telefone tocou numa residência qualquer, e o dia ficou esquisito,  sem explicação,  em  choque, consternado,  bizarro,  cabisbaixo,  desesperado... Se deixou uma mãe,  pai,  ou irmãos não sei!
Também  não sei dos sonhos que levou com ela até o momento fatídico,  entre o acidente de moto, o atropelamento e o encontro com seu derradeiro destino. Mas sei que morreu! Não vi o corpo,  não chamei o resgate, não senti sua dor nem  seu desespero, não ouvi as sirenes serem  ligadas, nem  a vida voltar ao normal... Dela,  pra mim,  nada ficou,  apenas a notícia da sua morte e uma grande mancha de sangue no asfalto.

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